Ditadura Militar: texto para reflexão e músicas para ouvir

É preciso lembrar para que não se repita: Ditadura Nunca Mais!
Imagem feita pelo fotógrafo Evandro Teixeira em 1968 mostra estudante de medicina durante manifestação contra regime militar no Rio de Janeiro

O golpe militar no Brasil ocorreu entre 31 de março e 1º de abril de 1964, resultando na deposição do presidente João Goulart e no início da ditadura militar que durou 21 anos. Foi liderado pelas Forças Armadas e apoiado por setores conservadores da sociedade, com o objetivo de impedir a implementação de reformas sociais e econômicas propostas por Goulart. O período foi marcado por repressão, censura e violações dos direitos humanos.

A história mostra alguns fatos que ocorreram após 1° de abril e marcaram esse período. Aqui quero me reportar a apenas seis deles:

1 – Atos Institucionais: Os militares estabeleceram 17 Atos Institucionais, que ampliavam os poderes do governo e restringiam liberdades civis. O Ato Institucional n° 5 (Al-5), de 1968, foi o mais significativo, permitindo a cassação de mandatos, o fechamento do Congresso e a censura.

2 – Censura e Propaganda: A censura foi estabelecida oficialmente em 1967 controlando jornais, livros, filmes e músicas. A propaganda ufanista foi usada para promover uma imagem de progresso e estabilidade.

3 – Tortura e Perseguição Política: A ditadura foi responsável por perseguição, tortura e execução de opositores políticos. Centros de tortura, como o DOI-CODI em São Paulo, ficaram conhecidos por práticas de extrema violência.

4 – Milagre Econômico: Durante os governos Costa e Silva e Médici, o Brasil viveu um período de crescimento econômico acelerado, conhecido como “Milagre Econômico”. No entanto, esse crescimento escondeu graves desigualdades sociais.

5 – Redemocratização: O processo de redemocratização teve início com medidas de abertura política no governo Geisel e foi consolidado durante o governo Figueiredo. A Lei da Anistia, de 1979, permitiu o retorno de exilados e a libertação de presos políticos.

6 – Consequências: A ditadura militar deixou um legado de violência, morte e desaparecidos políticos A redemocratização permitiu a promulgação da Constituição de 1988, que consolidou a democracia no Brasil e garantiu direitos a grupos marginalizados.

Porém, meu objetivo aqui é falar de um grupo que se destacou na luta contra a opressão. Estou me referindo aos artistas, mas especificamente, os músicos brasileiros, tais como: Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, João Bosco, Aldir Blanc, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo, Raul Seixas, Tom Zé e tantos outros. Algumas letras indicavam a insatisfação com o regime e vários destes artistas foram alvo de censura e perseguição, porém suas músicas ficaram marcadas para sempre na memória de todos.

Deixo aqui seis músicas para reflexão das pessoas que viveram essa época ou para quem apenas leram nos livros de história:

1 – Chico Buarque. Apesar de você (1970)

‘Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar’

2 – Geraldo Vandré. Pra não dizer que falei das flores (1967)

“Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão”.

3 – Aldir Blanc e João Bosco. O bêbado e o equilibrista (1975)

“Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil”.

4 – Chico Buarque e Milton Nascimento. Cálice (1973)

“Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta”

5 – Caetano Veloso. Alegria, alegria (1967)

“Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil”.

6 – Sérgio Sampaio. Eu quero é botar meu bloco na rua (1973)

“Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos nisso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval”.

 

É preciso lembrar para que não se repita: Ditadura Nunca Mais!