Lô Borges, ícone do Clube da Esquina, morre aos 73 anos em Belo Horizonte

Goi peça fundamental na criação do Clube da Esquina, movimento que revolucionou a música brasileira nos anos 1970
Lô Borges foi internado após sofrer intoxicação por medicamentos (Foto: Instagram/ Lô Borges)

O cantor, compositor e multi-instrumentista Lô Borges, um dos fundadores do lendário Clube da Esquina, morreu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte. O artista estava internado há 18 dias no Hospital da Unimed, após ter dado entrada com um quadro de intoxicação medicamentosa.

Nascido Salomão Borges Filho, em 10 de janeiro de 1952, na capital mineira, Lô se consagrou como um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira (MPB). Com seu talento precoce e uma sonoridade que misturava rock, jazz e o lirismo mineiro, ele ajudou a moldar a identidade musical de uma geração.

Um dos fundadores do Clube da Esquina

Ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Tavinho Moura e outros nomes de destaque, Lô Borges foi peça fundamental na criação do Clube da Esquina, movimento que revolucionou a música brasileira nos anos 1970.

Em 1972, aos apenas 20 anos, ele co-assinou com Milton o antológico álbum duplo “Clube da Esquina”, considerado um marco da MPB e um dos discos mais influentes da história do país. A obra inclui clássicos como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, canções que atravessaram gerações e continuam sendo redescobertas por novos públicos.

Reconhecimento e legado

Ao longo da carreira, Lô Borges manteve-se fiel à sua estética poética e musical. Em 1984, realizou sua primeira turnê nacional com o álbum Sonho Real, consolidando-se como artista solo. Nos anos 1990, voltou a ganhar destaque com a parceria com Samuel Rosa, vocalista do Skank, na canção “Dois Rios”, que apresentou sua obra a uma nova geração.

Entre seus mais recentes reconhecimentos está a indicação ao Grammy Latino 2023 na categoria “Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa”, pelo disco Não Me Espere na Estação, feito em parceria com o letrista César Maurício.

Nos últimos anos, Lô viveu uma fase de intensa produção. Desde 2019, mantinha a tradição de lançar um álbum de músicas inéditas por ano. Seu trabalho mais recente, “Céu de Giz”, lançado em agosto de 2025 em colaboração com Zeca Baleiro, foi recebido com elogios pela crítica e reafirmou sua vitalidade artística.

Um artista atemporal

Lô Borges deixa um legado profundo na música brasileira — um som que transcende modas e fronteiras, marcado pela delicadeza das melodias e pela poesia de suas letras.

Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento do artista.

“Lô foi a alma mineira transformada em som. Sua música é eterna”, afirmou Milton Nascimento em nota divulgada pela assessoria.

Com sua partida, o Brasil se despede de um dos maiores poetas musicais de sua história, mas sua obra — assim como o trem azul de suas canções — segue viagem, ecoando pelos trilhos da memória e do coração dos fãs.