Compreender o que significa a palavra ecologia é indispensável para entender o funcionamento do nosso planeta e como a ação humana afeta cada organismo. Em conversa com o Professor Cauay Vianna Gazele (Mestre em Ensino de Ciências) ele nos mostra como a ecologia deve ser abordado em sala de aula, além de trazer uma reflexão “politica” sobre o tema.
Ecologia, palavra que se refere ao “o conhecimento sobre a casa”
Nessas horas as professoras e professores de Biologia, no Ensino Médio, costumam questionar com ar de quem já sabe a resposta: “Mas que casa ẻ essa?”. Depois de um silêncio constrangedor na sala e/ou de algumas tentativas de resposta, a professora volta a falar, respondendo à própria pergunta: “O planeta Terra. E a casa de todas as formas de vida conhecidas”.
Continuando a observação da aula, é provável que a professora siga falando que essa “casa’ é formada pelas partes não vivas, como água e solo, e pelas partes vivas, como nós, outros animais e as plantas, mas que essas partes isoladas não formam o que a gente chama de (eco)sistema. Assim, ela deve esclarecer que um ecossistema é a Justamente a interação entre esses entes, vivos e não vIvoS, que produz o planeta que chamamos de casa,
Mudando a linha de observação da aula (de ecologia, no caso) para uma linha que observa como se executa uma aula, vamos chegar num ponto em que pretendo rechear o meio desse textO. Quando descrevi a situação do primeiro parágrafo, não descrevi o espaço onde se passava interação entre professores e estudantes, certo? Mas é muito provável que você tenha imaginado uma sala retangular, com carteiras enfileiradas com estudantes sentados nelas, uma lousa/quadro na parede da frente e uma figura ensinante entre o quadro e as carteiras. Por que? Quero dizer, por que praticamente todos nós temos essa imagem? Provavelmente por que passamos por uma sıtuação muito parecida ao longo da nossa juventude. Mas por que passamos por essa situação de aprendizagem e não por outra?
Seria por que é a forma mais eficiente? Alguns diriam que sim, outros que não. Eu te convido, leitor, a pensar “eficiente para que?”. Nossa educação, a nível nacional, sem dúvidas tem muito a melhorar, no entanto há pontos em que ela cumpre muito bem seu papel, e não estou falando isso de uma forma positiva. É ou não é na escola que aprendemos a seguir horários rígidos, seja para as obrigações seja para o momento de descanso? É ou não é na escola que aprendemos a obedecer as autoridades que não são nossos pais? Pois bem, essas são habilidades que o mundo do trabalho precisa para ter trabalhadores obedientes, centrados única e exclusivamente na sua obrigação produtiva e sem sentir a necessidade de questionar, afinal, isso destacaria o trabalhador de um todo e, normalmente, em escolas, empresas e presídios, todos estamos uniformizados.
Para além disso nos nossos momentos de lazer nos são oferecidas soluções fáceis para problemas complexos. Afinal, ninguém quer ouvir uma professora “ecochata” falando que o maior problema do mundo é a destruição dos ecossistemas, que tem tornado o planeta cada vez menos habitável. Muito menos queremos ouvir que não basta fechar torneira na hora de escovar os dentes, afinal, para economizar água é necessário que tenhamos uma indústria mais responsável. E que para termos indústrias mais responsáveis precisamos de atitudes coletivas bem planejadas e que envolvem, lá vai, politica.
Calma, não a política partidária de quem vota em quem, mas a política que se faz presente na disputa de interesses. Afinal não nos interessa ter um planeta habitável e agradável para viver? Ou preferimos que ele se torne desconfortável e totalmente inabitável para que alguém (que não somos nós mesmos) lucre cada vez mais?
Toda aula de ecologia (ou não) deve vir acompanhada do entendimento da disputa politica sobre o tema. Além da disciplina e da obediência, a fase escolar é o melhor momento para aprendermos nosso lugar no mundo em relação aos outros seres vivos e as disputas de interesses.